Embora a mentalidade ágil já não seja exatamente uma novidade (o famoso Manifesto pelo Desenvolvimento Ágil de Softwares foi publicado há quase 20 anos), incorporá-la no dia a dia ainda é um desafio para a maioria das empresas de desenvolvimento de software – tanto no Brasil como em outros países.
Os benefícios que se pode obter com a adoção dessa mentalidade são variados e, em sua maioria, evidentes. Contudo, há um obstáculo que, para muitas equipes, é especialmente difícil de superar: a influência do método cascata na cultura da empresa.
Na abordagem mais comum, as mudanças vão se acumulando e os testes entram mais ao final do processo, já perto da entrega. Diante da pressão dos prazos, é relativamente comum que os testadores sejam acusados de “atrapalhar” o processo por “não terem apontado os erros antes”. É impossível garantir a qualidade dessa forma, resumindo-a a uma etapa de testes no final de um projeto. É necessário entender e aplicar qualidade e agilidade de maneira mais ampla.
O Manifesto dos Testes Ágeis
Como uma espécie de “continuação” do Manifesto pelo Desenvolvimento Ágil de Softwares, foi criado o Manifesto dos Testes Ágeis.
De maneira resumida, estes são os pontos centrais do Manifesto (colocado à esquerda em contraposição ao modelo tradicional, à direita):
- Testar em cada etapa ao invés de Testar no final
- Prevenir bugs ao invés de Encontrar bugs
- Testar o entendimento ao invés de Checar funcionalidades
- Construir o melhor sistema ao invés de Quebrar o sistema
- O time é responsável pela qualidade ao invés de Os testers são responsáveis pela qualidade
No centro dessa abordagem está o mindset voltado à qualidade, que por sua vez implica um sólido trabalho em equipe, no qual todos os integrantes se ajudam ao invés de cuidarem apenas de seus próprios trabalhos.
A multidisciplinaridade permite que cada um entenda como o seu trabalho afeta os demais membros, e vice-versa. As interações têm uma importância maior do que processos e ferramentas (que, por si só, não garantem uma mentalidade ágil).
Note que o Manifesto dos Testes Ágeis incentiva o protagonismo de todos os envolvidos no projeto. Qualidade não é assunto de um departamento ou dos testadores, mas também de desenvolvedores, gestores e usuários. Portanto, é responsabilidade de todos prevenir bugs, assegurar que há alinhamento e unidade entre todos, bem como almejar a construção de um sistema estável, funcional, intuitivo, seguro e veloz.
Superar a influência do obsoleto método cascata e constituir de fato uma equipe ágil, requer uma mudança significativa de mindset e cultura, o que geralmente impacta toda a empresa. Este é o cenário ideal! O pensamento ágil pode contribuir e melhorar desde o planejamento estratégico, até a gestão diária de diferentes departamentos. Apenas desse modo é possível absorver e explorar as oportunidades da Transformação Digital.
No vídeo abaixo, gravado no evento #CapiConf 2018 em Curitiba, Everton Arantes, CEO da Prime Control explica e exemplifica com ocorre a implantação dos testes ágeis: