Reconhecer a importância da Quality Assurance (QA) é, embora essencial, apenas o primeiro passo para implementá-la com sucesso na cultura e nos processos de uma organização: é preciso ter clareza sobre o conceito de “qualidade” propriamente dito, e também uma estratégia para incorporá-la.
Uma das melhores maneiras de fazê-lo é elaborar uma Estratégia de Qualidade.
9 elementos e 1 missão
Podemos definir Estratégia de Qualidade como uma visão holística que engloba insights, crenças e ideias a respeito do que é necessário para criar um produto de qualidade. Este conceito é amplo justamente porque os insights, as crenças e as ideias variam conforme a organização (e seus produtos).
Documentar a estratégia é o próximo passo para torná-la concreta e viável – da mesma forma que fazemos com a criação de modelos de testes.
Um bom documento de Estratégia de Qualidade contém, a princípio, nove elementos:
1. Sumário executivo
É a sinopse da Estratégia, escrita de maneira sucinta e persuasiva. Ela serve para facilitar o entendimento da estratégia e demonstrar seu valor aos tomadores de decisão da empresa. Nossa recomendação é de que seja escrita por último, quando todos os demais elementos estiverem definidos.
2. Propósito
Duas perguntas ajudam a guiar esta seção:
- O que se espera alcançar com essa estratégia?
- Por que o leitor deveria se importar?
É importante que os responsáveis por elaborar a estratégia tenham clareza a respeito das especificidades do produto e dos objetivos finais da empresa. Sem esse entendimento, não há como elaborar propósitos alinhados às metas da organização.
3. Princípios
Esta seção está diretamente ligada às crenças da empresa a respeito de Qualidade. Conversar com os stakeholders pode fornecer uma base sólida para delinear os princípios da estratégia.
Eis alguns exemplos de princípios:
- “Qualidade envolve todos os colaboradores, e não apenas uma equipe”;
- “Qualidade vai além dos testes”;
- “Qualidade está focada no cliente.”
4. Objetivos
Esta seção diz respeito aos objetivos de longo prazo da estratégia – que, por sua vez, devem contribuir diretamente para a realização dos objetivos de negócio da empresa.
Como exemplos de objetivos, podemos citar:
- Estabelecer os padrões de entrega a serem seguidos pelas equipes de desenvolvimento;
- Impedir que falhas nos produtos prejudiquem a experiência do cliente;
- Criar uma estratégia de qualidade coerente para a organização, ao invés de práticas isoladas.
5. Estratégia
É nesta seção que você irá apresentar, de maneira detalhada, o modelo de qualidade escolhido para a organização. É o coração do documento e, apesar da sua ordem na estrutura, deve ser a segunda parte a ser elaborada (a primeira é a dos objetivos).
Sejam quais forem os pormenores da estratégia, é preciso deixar claro como cada membro da organização vai se encaixar nela. Quais as tarefas individuais, quem será responsável pelas fiscalizações, o que cada equipe deve praticar etc.
Exemplo:
“Nesta estratégia, quando uma equipe inicia o trabalho, todos os membros se reúnem para aprender, com clareza, os critérios de aceitação. Isto deve ser documentado.
A partir daí, a equipe pode definir quais cenários devem ser cobertos para lançamento e quais testes podem ser automatizados.
O trabalho não pode ser considerado concluído a menos que a equipe tenha codificado, testado e incorporado qualquer teste automatizado em CI/CD. Isso inclui (embora não se limite a) hotfixes, patches e qualquer solução provisória.
Uma abordagem ‘em etapas’ irá permitir que a equipe tenha um entendimento melhor sobre o comportamento do usuário, que irá direcionar as próprias ações da equipe.”
É interessante incluir, também, um organograma que mostre os papéis (supervisão, execução, monitoramento, fornecimento de informação etc.) de cada colaborador dentro da estratégia.
6. Custos e concessões
Na impossibilidade de criar uma estratégia que não demande nenhum tipo de sacrifício, é necessário mostrar quais concessões deverão ser feitas para que a estratégia proposta seja colocada em prática.
Os exemplos mais comuns de concessão, no caso, são o aumento de tempo para a liberação de novos códigos, o aumento de tarefas para as equipes, a necessidade de treinamentos específicos e o aumento do quadro de profissionais.
7. Anti-padrões
Nesta seção você irá delinear, de maneira resumida, outras estratégias que foram consideradas durante o processo, juntamente com as razões pelas quais elas não foram escolhidas.
Por exemplo:
“A estratégia de definir que a execução de testes seja a única responsabilidade de um grupo fora de CI/CD pode levar ao surgimento de silos de informação e, por consequência, gerar gargalos no pipeline de desenvolvimento.”
8. Indicadores principais
Os indicadores irão demonstrar a efetividade da estratégia. Devem, portanto, ser escolhidos de maneira criteriosa, alinhada aos objetivos estipulados na seção 4 do documento.
Como exemplos de indicadores, podemos citar:
- 90% dos serviços estão cobertos por pelo menos um smoke test na produção;
- 95% dos testes baseados em casos de uso das funcionalidades principais do software estão rodando em CI/CD;
- Em 90% das ocasiões, o tempo necessário para revisar as decisões de padrão de qualidade é de menos de 5 dias úteis;
9. Questões em aberto
Nesta última seção do documento, você deve incluir perguntas que ajudarão a guiar o aprimoramento da estratégia, abrindo espaço para insights e colaborações.
Alguns exemplos de questões pertinentes:
- A equipe de produto está alinhada com as expectativas dos gestores?
- Há outros indicadores que podem ajudar a medir o sucesso desta estratégia?
- Dada a atual cultura da organização, é possível implementar novas práticas ligadas à Qualidade?
Com este documento em mãos, a implementação de práticas de QA na empresa como um todo se tornará algo mais concreto e viável.
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