Usabilidade, desempenho, segurança… aspectos importantes em praticamente qualquer software, e que são garantidos por bons processos de Quality Assurance, tornam-se críticos quando falamos de aplicações financeiras.
Afinal, problemas de sistema podem prejudicar imensas cadeias de processos e transações, com consequências graves tanto para os usuários finais quanto para empresas e, a depender da escala, nações.
Vimos isso em 2012, com o colapso do Knight Capital Group, uma empresa de negociação de alta frequência, sofreu perdas de cerca de US$ 440 milhões em menos de uma hora devido a um erro de software.
Em 2017, quando a Equifax, uma agência grande de relatórios de crédito, sofreu um dos maiores ataques cibernéticos da história, resultando no vazamento de informações pessoais de aproximadamente 147 milhões de consumidores. O ataque ocorreu devido a uma vulnerabilidade em um software utilizado pela Equifax para gerenciar informações de crédito.
Outro caso emblemático foi o do erro de precificação no fundo de índice da Vanguard Group, uma das maiores empresas de gestão de investimento do mundo, em 2020. Problemas técnicos, que resultaram em uma divergência significativa entre o preço real de um fundo de índice S&P 500 e seu preço de mercado, atrapalharam as negociações, prejudicando não somente a empresa, mas milhares de investidores.
4 papéis que tornam a QA indispensável para aplicações financeiras
Quando se trata de aplicações, podemos listar pelo menos 4 papéis cruciais desempenhados pela QA:
1) Proteger dados confidenciais
A proteção de dados confidenciais é uma prioridade máxima para empresas que lidam com informações sensíveis – e, quando se trata de finanças, há muitos dados assim. A QA desempenha um papel de grande importância na identificação e correção de vulnerabilidades de segurança que possam expor dados confidenciais a acessos não autorizados.
Isso inclui a realização de análises de segurança regulares, implementação de práticas de desenvolvimento seguro e garantia de conformidade com regulamentações de privacidade de dados – como o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) na União Europeia e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil.
2) Garantir a qualidade do software baseado na nuvem
Cada vez mais instituições bancárias ao redor do mundo estão transferindo seus aplicativos para a nuvem. E enfrentam uma série de dificuldades neste processo: migrações de dado problemáticas, interrupções de servidor e problemas de segurança.
A QA ajuda a garantir que aplicativos e sistemas financeiros baseados em nuvem funcionem de maneira eficaz e confiável, independentemente da complexidade do ambiente. Para isso, engloba testes de desempenho em escala, assegurando a escalabilidade do software em ambientes de nuvem dinâmicos e altamente distribuídos. E, no caso da migração de dados, a QA reduz os riscos de corrupção e perda de dados.
3) Mitigar o risco de downtime de servidor
O tempo de inatividade do servidor pode ter consequências graves para empresas que dependem de aplicativos e sistemas financeiros para operações críticas. A QA ajuda a mitigar o problema identificando e corrigindo falhas de software que possam levar a interrupções no serviço.
Isso inclui testes de resiliência e redundância para garantir que os sistemas sejam capazes de lidar com falhas de hardware ou software sem interromper as operações comerciais.
4) Adequar o software a diversas plataformas
Garantir que o software funcione corretamente em diversas plataformas é essencial para alcançar uma ampla base de usuários – o que vem se tornando especialmente difícil por conta da proliferação de sistemas e dispositivos.
A QA faz isso por meio de testes de compatibilidade e usabilidade em uma variedade de dispositivos e ambientes, de modo que os usuários, independentemente das condições de uso, tenham uma experiência consistente.
Agora que mostramos a importância da QA, é hora de falarmos sobre sua implementação.
Os possíveis escopos da QA
Para que um projeto de QA tenha solidez, primeiro é preciso definir seu escopo. Existem pelo menos 5 categorias amplas:
Somente Conversão
Foca exclusivamente na verificação da capacidade de um sistema em converter dados de um formato para outro de maneira precisa e eficiente. Especialmente importante em migrações de dados entre sistemas legados ou integrações entre diferentes plataformas.
Somente Desenvolvimento
Inclui a realização de testes durante o processo de desenvolvimento para identificar e corrigir problemas de código, garantir a funcionalidade correta das novas funcionalidades e manter a integridade do código-fonte.
Por padrão, os testes neste escopo são realizados internamente pela equipe de desenvolvimento antes que o software seja disponibilizado para testes mais abrangentes pela equipe de QA.
Conversão e Desenvolvimento
Abrange tanto a conversão de dados quanto o desenvolvimento de novas funcionalidades ou módulos de software. Isso pode ocorrer em projetos de migração de sistemas legados, onde é necessário converter dados existentes para um novo formato, enquanto simultaneamente desenvolve-se novas funcionalidades para atender às necessidades atuais do negócio.
Lançamentos Regulares
Concentra-se na garantia da qualidade de software em um ciclo de desenvolvimento contínuo, em que novas versões ou atualizações do software são lançadas regularmente. Os testes neste escopo são conduzidos de forma iterativa e contínua para garantir que o software mantenha altos padrões de qualidade em cada versão.
Esforços de Integração
O foco está em garantir a qualidade do software durante o processo de integração de diferentes componentes ou sistemas, que pode ocorrer em projetos em que várias equipes estão trabalhando em diferentes partes do software que precisam ser integradas para funcionar como um todo.
Cada um desses escopos desempenha um papel importante no processo de QA, contribuindo para a entrega de software de alta qualidade que atenda às necessidades e expectativas dos usuários finais.
(Extra) Estratégias gerais de QA
Ao longo do artigo, listamos diversas práticas de QA que são importantes para assegurar a qualidade de softwares financeiros. Vamos enumerar estratégias gerais, que devem ser implementadas segundo o escopo do projeto.
1. Cobertura de testes de software abrangente
Implementar uma variedade de testes é essencial para garantir a robustez do software. Isso inclui:
– Testes de Unidade: Verificam partes individuais do código para garantir que funcionem conforme o esperado.
– Testes de Integração: Garantem que diferentes componentes do sistema funcionem bem juntos.
– Testes de Sistema: Avaliam o comportamento do sistema como um todo, incluindo suas interações com outros sistemas.
– Testes de Aceitação do Usuário: Validam se o software atende aos requisitos e expectativas dos usuários finais.
2. Revisão de código por pares
Realizar revisões de código por pares é uma boa prática para identificar e corrigir problemas de código. Isso não apenas ajuda a garantir a consistência e a eficiência do código-fonte, mas também promove a colaboração e o aprendizado entre os membros da equipe de desenvolvimento.
3. Análise de segurança
Realizar análises de segurança regulares é fundamental para identificar e mitigar vulnerabilidades no software. Isso inclui a realização de testes de penetração, avaliações de vulnerabilidade e revisões de segurança.
4. Gerenciamento de configuração
Implementar práticas de gerenciamento de configuração ajuda a garantir a consistência e a integridade do ambiente de desenvolvimento, teste e produção. Inclui práticas como o controle de versões do código-fonte, a gestão de dependências e a documentação de configuração para garantir que o software seja desenvolvido e implantado de maneira consistente e confiável.
5. Monitoramento contínuo
Implementar sistemas de monitoramento contínuo é indispensável para detectar problemas de desempenho ou segurança em tempo real. O monitoramento permite que a equipe de operações identifique e resolva rapidamente quaisquer problemas que possam surgir, garantindo a disponibilidade e o desempenho contínuo do software.
Erros comuns em QA (e como corrigi-los)
Entre os erros e problemas comuns em projetos de Quality Assurance, podemos destacar 5:
- Testes Insuficientes: Não realizar testes abrangentes o suficiente para identificar todos os possíveis cenários de uso do software. Evite isso fazendo uma análise cuidadosa para descobrir qual será a cobertura de testes necessária e simule cenários de uso realistas.
- Falta de comunicação e colaboração: Quando as equipes de desenvolvimento e QA não se comunicam efetivamente, podem ocorrer lacunas na compreensão dos requisitos e expectativas do cliente. Estabelecer canais de comunicação claros e regulares entre as equipes, realizar reuniões de sincronização e promover uma cultura de colaboração e compartilhamento de conhecimento ajuda a evitar o problema.
- Falta de Testes de Usabilidade: Ignorar os testes de usabilidade pode resultar em produtos finais que são difíceis de usar ou não atendem às necessidades dos usuários. Por isso, incorpore testes de usabilidade desde as fases iniciais do desenvolvimento, envolvendo os usuários finais para obter feedback valioso sobre a interface do usuário e a experiência geral.
- Falta de automação de testes: Depender excessivamente de testes manuais pode ser demorado e propenso a erros. Invista na automação de testes para aumentar a eficiência e a cobertura dos testes, identificando cenários repetitivos que podem ser automatizados e implementando ferramentas de automação adequadas.
- Não adaptar os processos de QA: Seguir processos de QA rígidos e inflexíveis pode resultar em atrasos e ineficiências, especialmente em projetos ágeis. Por isso, adote uma abordagem flexível e adaptativa para os processos de QA, ajustando-os conforme necessário para atender as necessidades específicas do projeto e as mudanças nos requisitos do cliente.
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