O que é (e para que serve) Software Quality Assurance

Existem muitas maneiras de medir a qualidade de um software. De todas elas, a mais fundamental envolve dois critérios: o quão bem ele cumpre os objetivos para os quais foi desenvolvido (requisitos), e o quão satisfatória é a sua experiência de uso (expectativas do usuário). E é para ajudar alcançar um nível elevado nesses critérios que existe a chamada Garantia de Qualidade de Software (Software Quality Assurance ou SQA).

Vamos juntos explorar os principais objetivos, benefícios e desafios e, também, o futuro da Quality Assurance* no universo do desenvolvimento de software.

*Usaremos os termos SQA e QA de maneira intercambiável ao longo do artigo.

Os 4 grandes propósitos da SQA

A Software Quality Assurance é um conjunto de práticas realizadas ao longo do desenvolvimento de um software para atingir 4 objetivos centrais:

  1. Prevenir Defeitos

Uma das principais características da SQA é a sua proatividade: ao identificar e corrigir problemas no processo de desenvolvimento, ajuda a evitar defeitos futuros. Isso é feito, por exemplo, ao revisar um código para descobrir se há problemas como lógica incorreta ou más práticas de codificação.

  1. Garantir a conformidade com os requisitos

Não adianta ter um código bem escrito ou uma interface de usuário bem-feita e não atender às especificações e requisitos definidos. No caso de um sistema de e-commerce, por exemplo, os requisitos incluem funcionalidades como processamento de pagamentos e gerenciamento de inventário.

  1. Promover a melhoria contínua

Os processos de desenvolvimento e qualidade do software devem, idealmente, ser aprimorados continuamente. Uma boa prática de SQA nesse sentido é realizar, após cada projeto, uma análise post-mortem para identificar o que funcionou bem e o que pode ser melhorado no futuro.

  1. Assegurar a satisfação do cliente

Um software que opera sem falhas e oferece uma experiência de usuário intuitiva e agradável tem muito mais chances de satisfazer os clientes e conquistar sua fidelidade. De certa maneira, todos os processos de SQA acabam ajudando a cumprir esse objetivo.

Processos e práticas de SQA

A SQA envolve diversos processos e práticas que são integrados ao ciclo de desenvolvimento de um software. Entre os principais processos, estão:

Planejamento da qualidade: Trata-se de definir padrões, processos e critérios de qualidade a serem seguidos durante o desenvolvimento. Por exemplo, estabelecer que todo o código deve passar por revisão de pares e que os testes automatizados devem cobrir pelo menos 80% do código.

Revisão de requisitos: Os requisitos do software devem ser completos, claros e testáveis – do contrário, não há como atingi-los da maneira satisfatória. Uma boa revisão de requisitos identifica ambiguidades ou omissões que, se não tratadas, podem levar a problemas no desenvolvimento.

Inspeção e revisão de código: Analisar o código para detectar e corrigir erros antes da fase de teste é um dos diferenciais da QA. Isso pode incluir práticas como revisões de código entre pares, em que desenvolvedores revisam o trabalho uns dos outros para detectar erros ou melhorar a qualidade do código.

Testes de software: É preciso realizar uma ampla variedade de testes (como unitários, de integração, de sistema, de aceitação) para identificar os possíveis defeitos em um software. Testes unitários, por exemplo, verificam funcionalidades individuais, enquanto testes de sistema avaliam o comportamento da aplicação como um todo.

Gerenciamento de configuração: Esse processo envolve controlar mudanças no software e garantir a integridade e a rastreabilidade dos artefatos de software. Isso inclui o uso de ferramentas de controle de versão (como o Git) para rastrear alterações no código e garantir que todos os desenvolvedores trabalhem na versão mais recente.

Auditoria de qualidade: Trata-se de avaliar a conformidade dos processos de desenvolvimento com os padrões de qualidade estabelecidos no projeto. Isso pode incluir auditorias regulares para verificar se a equipe está seguindo os procedimentos de SQA e identificar áreas que precisam de melhoria.

Treinamento e desenvolvimento: Capacitar a equipe de desenvolvimento para seguir as melhores práticas e padrões de qualidade é essencial para que o processo de QA seja sustentável. Um bom exemplo é fornecer treinamentos sobre novas ferramentas de teste ou metodologias para garantir que a equipe esteja sempre atualizada.

Eficiência, conformidade e outros benefícios da SQA

Um dos benefícios mais evidentes de um bom processo de Quality Assurance é o aumento da qualidade dos produtos e, por consequência, da satisfação dos clientes.

Outro resultado positivo é a redução de custos na correção de erros, já que, normalmente, quanto mais tempo se leva para corrigi-los, maiores são os gastos (e também as possíveis consequências causadas pelos erros).

Processos de desenvolvimento mais eficientes, viabilizados pela QA, reduzem o tempo de lançamento no mercado. Um exemplo é a automação de testes, que pode acelerar significativamente a verificação de qualidade e permitir lançamentos mais rápidos.

A conformidade com normas e regulamentos é outro benefício valioso da QA. Isso é especialmente importante em casos de softwares que usam dados sensíveis, como os de setores de finanças e saúde. Seguir normas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) ajuda a proteger a privacidade dos usuários e, também, a imagem da empresa.

Finalmente, entre os maiores benefícios da SQA está o aumento da segurança do software por meio de testes e de correções de falhas e vulnerabilidades. Com o crescimento do volume e da complexidade de ataques cibernéticos, esse cuidado com a segurança se torna especialmente valioso.

5 desafios na implementação de processos de SQA

Colocar em prática os diversos processos de Software Quality Assurance pode ser desafiador. Entre as barreiras que os gestores e suas equipes precisam superar, destacamos:

  1. Resistência a mudanças: Dependendo do escopo do projeto de SQA, pode ser preciso realizar mudanças profunda nos processos da organização – e nem sempre a equipe vai querer embarcar de primeira.

Por exemplo, desenvolvedores podem resistir a novas políticas de revisão de código por acharem que isso atrasa o processo de desenvolvimento. Para evitar esse tipo de problema, é importante estabelecer uma comunicação clara entre todas as partes envolvidas e promover uma mudança cultural, ao invés de apenas impor novos processos.

  1. Custo inicial: Investimentos iniciais em treinamento, ferramentas e processos para viabilizar a SQA podem ser elevados. A implementação de ferramentas de automação de testes, por exemplo, normalmente exige um investimento inicial significativo em licenças e treinamento.

Antes de buscar novos recursos, é preciso fazer um diagnóstico cuidadoso e descobrir quais deles são realmente necessários. Implementá-los gradualmente também é uma boa maneira de diluir os custos.

  1. Complexidade do software: Sistemas complexos e de grande escala tornam mais difícil garantir a qualidade. Um sistema de controle de tráfego aéreo, que envolve múltiplos subsistemas interconectados, é um exemplo de sistema complexo – e que torna desafiadora a garantia de qualidade.

Planejamento e treinamento são cruciais para lidar com essa dificuldade.

  1. Falta de especialização: A escassez de profissionais qualificados em SQA pode limitar a eficácia das práticas de garantia de qualidade. Encontrar engenheiros de teste experientes em automação, por exemplo, pode ser difícil e custoso.

Buscar apoio de empresas especializadas em QA pode ser um bom caminho.

  1. Integração de ferramentas: Integrar diversas ferramentas de SQA no ambiente de desenvolvimento pode ser complicado. Pode ser preciso garantir que ferramentas de controle de versão, sistemas de gerenciamento de bugs e ferramentas de teste automatizado funcionem juntas.

Quando estiver buscando ferramentas para os processos de QA da sua organização, avalie sempre as possibilidades de integração.

O futuro da SQA

O campo da SQA está em constante evolução, impulsionado por novas tecnologias e metodologias. Entre as tendências futuras mais promissoras, podemos destacar:

Uso de Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML)

Os avanços na aplicação de IA e ML permitem a automação inteligente de processos de teste, análise de dados e previsão de defeitos. Por exemplo: algoritmos de machine learning podem analisar grandes volumes de dados históricos de testes para identificar padrões e prever áreas do código mais propensas a falhas.

Além disso, ferramentas de IA podem gerar automaticamente casos de teste baseados em comportamentos de usuários, otimizando a cobertura de teste e reduzindo o esforço manual.

Shift-Left + Shift-Right Testing

O shift-left testing envolve a realização de testes desde as primeiras fases do ciclo de desenvolvimento, focando na prevenção de defeitos e na detecção precoce de problemas. Já o shift-right testing se concentra em atividades de teste após a implantação, como monitoramento contínuo, feedback do usuário e testes de performance em ambiente de produção.

Muitas empresas vêm adotando pipelines de CI/CD (Integração Contínua e Entrega Contínua) que incorporam testes automatizados desde a escrita do código (shift-left) até o monitoramento contínuo de performance e segurança em produção (shift-right).

QAOps

QAOps é a integração de práticas de QA com a cultura DevOps, promovendo a colaboração contínua entre equipes de desenvolvimento, operações e qualidade. O objetivo é garantir que a qualidade seja uma responsabilidade compartilhada ao longo de todo o ciclo de vida do desenvolvimento de software. QAOps enfatiza a automação de testes e a integração contínua de feedback, facilitando a detecção e correção rápida de problemas.

Um exemplo prático é a implementação de pipelines de QA automatizados que executam testes de unidade, integração, e aceitação em cada commit de código, com feedback imediato para os desenvolvedores. Ferramentas como Jenkins, Kubernetes e Docker são frequentemente utilizadas para suportar estas práticas.

Em resumo, implementar práticas de SQA trará resultados valiosos para a sua organização, mas demanda comprometimento, recursos e uma cultura organizacional que valorize a qualidade. Alcançar esse tipo de resultado se torna muito mais viável com o apoio de profissionais experientes e altamente qualificados.

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